Friday, December 15, 2006

Língua Portuguesa e a cultura brasileira




"A LÍNGUA É A MAIS VIVA EXPRESSÃO DA NACIONALIDADE. COMO HAVEMOS DE QUERER QUE RESPEITEM A NOSSA NACIONALIDADE, SE SOMOS OS PRIMEIROS A DESCUIDAR DAQUILO QUE A EXPRIME E REPRESENTA O IDIOMA PÁTRIO?"

As pessoas têm uma uma visão muito errada a respeito da nossa língua. Há aqueles que resumem nossa língua brasileira em um amontoado de regras gramaticais, aquelas fórmulas "mágicas" para passar em vestibular ou concurso, como se nossa língua servisse apenas para aprender a gramática normativa. Que pena. Nossa língua tem um sentido tão mais profundo, amplo e belo do que as pessoas podem imaginar. Infelizmente, a maioria das pessoas têm essa visão porque no decorrer de seu estudo escolar e acadêmico a língua portuguesa foi apresentada de maneira superficial, decorativa, regrada, ou seja, chata. Os professores precisam repensar na prática didática do ensino da língua.

Nossa língua tem uma riqueza social e cultural jamais vista. Primeiro, porque a linguagem não foi criada apenas para os homens se comunicarem. Ela carrega ideologias, pensamentos, histórias e muita cultura de uma determinada região. Em uma só palavra, podemos analisar diversos significados, podemos desvendar valores culturais ali embutidos. Nos dialetos, sotaques, gírias, podemos descobrir o sofrimento, a alegria, a tristeza e a dor de um povo. As palavras não existem por existir. Elas dizem muuuuito de quem nós somos e porque usamos tais palavras. Isso poucos sabem porque usam a língua de forma acrítica. As pessoas não têm senso crítico e não refletem acerca do que falam.

Vamos, por exemplo, analisar a palavra: TRABALHADOR. Há a pessoa que acredita que a língua é apenas uma necessidade de comunicação e um amontoado de letras de nosso alfabeto. Mas vamos pensar melhor, a palavra acima diz muito a respeito da nossa cultura, da nossa política, da nossa concepção de trabalho. A palavra é a junção de TRABALHO + DOR= TRABALHADOR. Hammm, olhem só, até a matemática está presente. Sim, as palavras carregam sufixos/prefixos e radicais, e quando quisermos analisar uma palvra temos que desfragmentar seus significados e depois somá-los.

Para um mundo que sempre esteve preso ao poder de classes, o trabalhador sempre foi referência para as classes mais baixas e médias, ou seja, o proletariado que trabalha para sustentar o poder aquisitivo dos empresários, executivos etc. Ou seja, o trabalhador está sempre subordinado a um trabalho exploratório que consome mais da metade de sua vida para, assim, garantir o domínio das classes mais altas. E assim, o trabalho não passa a ser algo prazeiroso, porque está ligado ao sacríficio árduo, à força, à alienação, ao cansaço, ao stress (este para o mundo atual de hoje). E não é verdade? Hoje alguém aí trabalha e tem liberdade financeira, por exemplo, independente se ganha de 350,00 a 3000,00? Liberdade de comprar uma casa, um carro, ou algo que deseje e tenha como sonho, nesse minuto? Se você é trabalhador, pode esquecer. Com certeza o discurso é: "se você quer mais dinheiro, trabalhe mais. Estude mais. Se esforce mais". E lá está você, perdendo parte de sua vida, e nem uma viagenzinha de final de ano pode você fazer, e, se pode, precisa dividir em várias vezes, pois, veja só, todo seu sacríficio ainda não te liberta do "capitalismo selvagem", que quer mais é que você se individe cada vez mais, pague mais e mais juros. Sim, você é o típico trabalhador explorado, consumido pelo trabalho, alienado e aniquilado, independente de sua área.

Quem tem esse poder financeiro e de trabalho prazeiroso é a elite que você mesmo sustenta. E que nada tem de trabalhaDOR como você. Eles passam a maior parte da vida viajando, lendo muito, adquirindo muito mais conhecimento que você (e sem precisar trabalhar como você!), visitando o mundo afora, tomando água de coco na praia em plena segundona... enquanto você, trabalhaDOR, trabalhando sacrificadamente suas 40 a 44 hrs semanais para garantir o sustento dessa elite!
Agora então sabemos porque a DOR está simbolizando o significado de trabalhador!

Vejam que interessante. De uma palavra, aprendemos história, aprendemos política e fizemos uma crítica social construtiva, que nos faz refletir um mundo tão capitalista, difícil e que nos oferece trabalhos tão subhumanos. A linguagem pode ser educativa além de seu aspecto concreto. Em sua figura, ela carrega temas abstratos, que são desafios para nós desvendarmos.

E como a linguagem pode ser um meio de expressão poderoso. Nesse sentido, acho muito bom estudá-la. Porque quanto mais você entende sua língua, mais bagagem cultural você carrega, mais poder de expressão você dispõe, mais clara e mais adequada a sua linguagem será para cada situação. O que me surpreende é a criação que poetas magnifícos que já passaram por este mundo fizeram com as palvras. As transformaram em poesia, em metáfora. Por favor, não confundam "poesias" do senso comum, aquelas que até a Kelly Key (sei lá se é assim q se escreve o nome da ordinária) faz. A poesia tem que ter o poder de provocar dúvidas. Dúvidas que irão fazer o receptor refletir, buscar explicações, pensar nas respostas, descobrir o que aquele artista quer passar com a mensagem poética. E isso é arte. Arte é quando você vê um quadro cheio de rabiscos e fala: eu também faço igual! Mas a arte, na verdade, quer confundir a sua cabeça, e não é para o mal, é para o bem: para nos tornarmos seres pensantes, dispertarmos nossa consciência adormecida e fazer valer nossa capacidade de interpretação das coisas. Um bom artista consegue fazer as pessoas pensarem e irem procurar conhecimento.

A língua é arte!!!! Rica com suas variações, seus neologismos, suas catarses e metáforas... cada palavra, a história de um povo, o significado de uma cultura! Uma construção artística, fruto de seres humanos que nascem e morrem e deixam a linguagem como principal herança para seus "herdeiros". Nossa língua deve ser mais que valorizada: ela é fruto cultural, patrimônio histórico.

E se nossa língua diz muito a respeito de nossa nacionalidade, vamos comerçar a valorizá-la mais! Acho extremamente desagradável o mundo globalizado valorizar tanto o inglês como "língua mundial oficial". Claro, acho importantíssimo aprender outras línguas, pois, assim como a nossa, há outra cultura ali, há outras histórias ali para serem analisadas. E também porque saber falar outra língua promove nossa liberdade de entrar em contato espontaneamente com outras culturas e outros povos. Porém, se não soubermos falar nossa língua direito primeiro, porque se submeter tanto a aprender outra língua como um mero modismo?

Tinha uma pedra no meio do caminho... no meio do caminho tinha uma pedra... e agora, José?

Deixo este pequeno verso de Carlos Drummond de Andrade, um de meus poetas favoritos!
Não entendeu a mensagem do verso?
Busque, procure o significado... o que você pode descobrir é fantástico!

Muitas palmas a essa encantadora arma de expressão que temos!!!!

4 comments:

Liliam Freitas said...

Aprendiz mesmo!!Todo mundo é, mesmo os que neguem essa Máxima.Sobre o seu texto, posso declarar que :a frase-citação usada no inicio como abre-alas é boa,mto boa; o primeiro paragrafo genial e outros também; mas a conclusão é simplesmente DESASTROSA!!Não retoma, parte para uma outra idéia/sentido,aí não vale!!Isso não é texto!!Cadêo fio condutor ??!!Sem ele não tem Unidade/texto!!Reescreva!!Idéia e Intelecto tens!!
liliam

Anonymous said...

Aeeee Mariiii
Com certeza o entendimento da língua como instrumento cultural só acontecerá com a conscentização educacional. A língua portuguesa é mais que arte: é expressão da alma.
BEijo grande do amigo Eduardo

Daniel Sinhorilio said...

Resposta para Liliam:
Obrigada Liliam, por visitar meu blog!
Você se refere a conclusão do verso de Carlos Drummond de Andrade. Certo? bem, eu fiz essa desconexão de propósito. Poderia colocr um verso que diz a respeito da cultura da língua, mas preferi inserir um verso que nada tem a ver para dar uma choque ao leitor, e ele ficar curioso mesmo. Sim, quebrei as regras da coerência. Mas acho que texto deve estar ligadoa à ação. Então, coloquei uma conclusão que despertasse à ação, à leitura, que é justamente procurar o significado do verso do Drummond e assim valorizar a nossa literatura como arma de expressão, de linguagem artística, que eu ainda falo no decorrer do texto. Não está tão incoerente assim não, vá! Convenhamos, eu gosto de quebrar algumas regras, hehehe....

Abraços e faça mais visitas!

Anonymous said...

LINDA, MARAVILHOSSAAAA!

E AINDA POR CIMA MUITO INTELIGENTE!

[]´s