Friday, July 25, 2008

Amazônia, o novo faroeste brasileiro


Índios, cientistas, fazendeiros, políticos, estrangeiros. A Amazônia hoje é alvo de disputa de muitos significados ideológicos. Desmatamento, tráfico da fauna e flora, biopirataria, grilagem e o Tio Sam, assim como outras potências mundiais, de olho no patrimônio nacional: são alguns dos vários problemas que causam polêmica e muita briga nessa área.

O debate acendeu e aumentou em torno da funcionalidade e do papel da Amazônia diante esses diversos atores sociais porque o governo federal está implantando políticas de demarcação e de terras para controlar e fiscalizar a área. E é claro que quem se sentirá “ofendido” com as medidas são os agentes envolvidos em agronegócios, pecuária, além das empresas transnacionais, que querem por si só dar um destino à região, defendendo seus interesses de negócios, claro. O problema é que esses agentes querem explorar a área de forma predatória e sem compromisso nenhum com a soberania nacional, agricultura, energia, educação, ciência, tecnologia e inovação voltadas à proteção e desenvolvimento sustentável da região amazônica. A questão ambiental fica em segundo plano e importa o fato apenas da geração de valor econômico com a ocupação predatória. E haja esforço por parte do governo pra fiscalizar o uso ilegal das terras por parte desses atores, fisacalização que ainda é pouca!

É importante deixar claro que a oposição contra os abusos ambientais e humanos da produção agro-pecuária predatória não é uma oposição à agricultura em si. A produção agrícola precisa se constituir em desenvolvimento real, sustentável e durável. E não é o que acontece: o Brasil explora recursos naturais desde 1500 e ainda somos sub-desenvolvidos em relação a outras nações que transformaram suas atividades econômicas em desenvolvimento social real. E outra coisa: não podemos desconsiderar o descaso e o abuso contra os povos indígenas brasileiros. Deve haver respeito, sim à cultura e as terras dos povos originários - um direito reconhecido em todo o mundo. E o aumento da população indígena é um bom sinal de que a demarcação de terras por parte do governo na luta pelo direito dos índios vem tendo resultados.



Na minha concepção, e não só na minha, a pecuária precisa bater as botas na Amazônia. É o que afirma o historiador ambiental José Augusto Pádua, no artigo que li, e concordo. É mais apropriada para biomas mais abertos, como caatinga, cerrado e pampa. Isso também porque as propriedades que não são de domínio do Estado ficam muito mais vulneráveis ao narcotráfico.
Outro fator que ameaça a Amazônia é a questão das privatizações (36% das terras amazônicas estão privatizadas!), que tiram o poder de controle de Estado e abrem uma margem enorme para a grilagem. E aí engana-se quem defende que a solução então é internacionalizar de uma vez a Amazônia, torná-la “patrimônio mundial” (quanta boa vontade!). Não é preciso de muita esperteza pra perceber o quanto é falacioso e mentiroso a “boa intenção” das potências capitalistas. Primeiro, porque as empresas que privatizaram não são nacionais, são transnacionais e olha que belezinha, vêm patenteando medicamentos e plantas locais. Em segundo lugar, a pressão pela internacionalização da Amazônia nunca teve intenções ecológicas, como os defensores alienados pensam. Uma prova disso? Ora, veja os países do G8: não aceitam de modo algum pagar a conta da poluição ambiental.

Há aqueles que acham um exagero pensar na possibilidade de ações ofensivas do imperialismo. Porém, as ofensas são reais sim e até históricas. Lembremos da Cabanagem, movimento militarizado de cunho separatista; das operaçõe da Hiléia – organização internacional formada por diversos países com o objetivo de “administrar” o território amazônico e do Bolivian Sindicate – que foi contra a criação de um Estado a serviço do imperialismo.

Entre tanta polêmica e disputa, algo muito importante pra quem tem a cabeça no lugar deve ser relacionado à Amazônia: o desenvolvimento científico, que visa um salto econômico só que atrelado ao conhecimento. E como pesquisadora, é claro que irei ficar do lado da promoção do desenvolvimento sustentável da região amazônica, através do trabalho científico. E tudo isso respeitando as reservas e cultura indígenas.

Ocupar cientificamente a Amazônia: pra mim, é o caminho que evita o caos nesse lugar, que não visa agredir o meio ambiente e contribui para a promoção da igualdade social e da sustentabilidade ambiental. Assim, é necessário um novo planejamento para a implementação de um modelo de desenvolvimento sustentável para a Amazônia, e essa sustentabilidade, que vejo que ainda é um termo muito extenso, precisa ser melhor encaminhado, focado. E o Brasil investe muito pouco em pesquisa nessa área, e isso endica que muito ainad pode e deve ser feito, recursos humanos não faltam e o estímulo à pesquisa na área ambiental têm sido de grande demanda. Vamos dar um salto para o futuro e mostrar que os brasileiros sabem cuidar e muito bem de um dos patrimônios mais lindos que a natureza pôde nos presentear.

2 comments:

Unknown said...

É, não dá mais pra aguentar tanto puxa-saquismo da iniociativa privada pra tirar do povo o que é do povo. A amazônia é do povo brasileiro e não dos produtores rurais, dos estrangeiros e empresas transnacionais!
E que se a ciência for o melhor caminho para explorara de forma sustentável a amazônia, que seja a favor e benefício de melhorias para a vida da população!

Anonymous said...

Tava por fora, mas o artigo me deu uma boa base do assunto. Assino sua opnião, nada a declarar, ocupação pela ciência com ctz é o caminho mais produtivo. Abração Má!